Dogmas Mariano

Dogmas Marianos

✓ Os fundamentos do dogma da Assunção proclamado por Pio XII não partem da letra mesma dos textos mas da Escritura interpretada pela grande tradição da Igreja: os Padres, teólogos, pregadores, santos e santas e fiéis, os quais para ilustrar sua fé na Assunção se serviram com uma certa liberdade dos feitos e ditos da Sagrada Escritura, ou seja, serviram-se dos textos escriturísticos para mostrar como este privilégio de Maria concorda admiravelmente com as verdades que são ensinadas na Sagrada Escritura.
✓ A Escritura aparece, portanto, segundo Pio XII, como “fundamento último” do dogma divinamente revelado de que “a Imaculada Mãe de Deus Maria sempre Virgem, após haver terminado o curso de sua vida terrestre, foi elevada/assunta em corpo e alma à glória celeste”.
✓ O primeiro texto fundamental para o dogma da Assunção, segundo a Constituição de Pio XII, é o “protoevangelho” de Gn 3, 15 que fala da inimizade mortal entre a serpente autora da morte e a mulher defensora da vida. Maria, Nova Eva, estreitamente unida ao Novo Adão que é Jesus Cristo nesta luta contra o inimigo infernal, é sobre ele, com Cristo, gloriosa. “Como a gloriosa Ressurreição de Cristo foi uma parte essencial e derradeiro troféu desta vitória, assim era necessário que o combate travado pela Virgem Maria unida a seu Filho terminasse pela glorificação de seu corpo virginal”.
A Assunção de Maria é o desfecho de sua vida plenamente voltada para Deus e para os outros, em contraposição radical a tudo aquilo que é pecado, diminuição de vida. Participando com o Filho na luta e no sofrimento, participa com ele também na glória. Aqui os escritos paulinos sobre a Ressurreição podem iluminar a compreensão da vitória sobre o pecado e a morte (Rm 5-6; 1Cor 15,21-26.54-57).

Sl 131/132, 8: “Levanta-te, Senhor, vem à tua mansão, vem com a arca de teu poder”. A imagem da Arca da Aliança, lugar da própria presença divina, é tradicionalmente vista pelos Padres e teólogos da Igreja como imagem de Maria. A Arca era considera como o símbolo privilegiado da presença (Shekinah) de Deus em meio ao seu povo. A Arca, portanto, enquanto presença de Deus em meio ao seu povo, é incorruptível. Porque a aliança de Deus com Israel é eterna, a Arca não pode perecer. Maria – Arca da Nova e Eterna Aliança de Deus com a humanidade, lugar onde repousou o próprio Deus feito carne – é glorificada sem conhecer a corrupção. As palavras do salmo, portanto, lidas nesta perspectiva, cantam a realidade do Senhor glorificado juntamente com Maria, aquela que foi seu lugar e sua morada nesta terra.

Lc 1, 28: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo…” Lendo, aprofundando e compreendendo essa saudação angélica a Maria, a Igreja viu no mistério da Assunção como que o complemento de plenitude de graça da Virgem Maria e uma benção singular em oposição à maldição de Eva. O dogma da Assunção está, pois, estreitamente ligado aos outros dogmas marianos: quem é assunta aos céus, vitoriosa e senhora nossa, é a Virgem que se abriu à Palavra e foi fecundamente penetrada pelo Espírito; é a Mãe que de sua carne formou a carne do próprio Verbo da Vida e que foi aclamada por uma simples mulher do povo (Lc 11, 27-28); é a imaculada concebida, cheia de graça, cheia de Deus, com quem o Senhor está continuamente dando início à Nova Criação.

Ap 12: a imagem da Mulher gloriosa. Não apenas nas várias figuras e símbolos do AT e nos Evangelhos os Padres e teólogos da Igreja viram anunciada a Assunção de Maria, mas também nesta mulher, vestida de sol, cheia de luz, sobre a qual as trevas da morte não têm mais poder. Mãe daquele que as primeiras testemunhas viram como a “Luz do mundo”, Maria participa intimamente da glória do Filho, assim como participou da vida, da perseguição e da morte.

Outros textos bíblicos podem ser citados a partir das interpretações dadas pelos grandes Padres e Teólogos da Igreja: Sl 44, 10.14-16; Ct 3, 6 (citados por João Damasceno); Is 60, 13 (citado por Amadeu de Lausanne); Ct 8, 5 (citado por Alberto Magno, Tomás de Aquino e Boaventura); e Ef 5, 27; 1Tm 3, 15;1Cor 15, 54 (citados por Bernardino de Sena, Roberto Bellarmino e Francisco de Sales).

BIBLIOGRAFIA
1. BRUSTOLIN, L. A. Eis tua mãe. Síntese de Mariologia. São Paulo: Paulinas, 2017.
2. BOFF, C. M. Dogmas Marianos. Síntese catequético-pastoral. São Paulo: Editora Ave Maria, 2010.
3. MURAD, A. Maria, toda de Deus e tão humana. Compêndio de Mariologia. São Paulo: Paulinas; Santuário, 2012.

4. CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium. Capítulo VIII.

Sobre o Autor

Pe. Gimesson Eduardo da Silva, SCJ
Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma

Colaborou: www.deonianos.org.br

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