Pe. Ernesto

A verdadeira idolatria

A missão de Jesus não foi o de garantir a vida do homem, nesta terra, mas, salvá-la na sua totalidade, perante Deus, Bem Supremo: colocou em movimento a busca da justiça social entre os homens, exigindo, porém, “algo mais”, que nenhuma riqueza pode dar: o crescimento interior do homem perante Deus.

Pano de fundo do ensino de Jesus é a afirmação central do Sermão da Montanha: “Procurem antes de tudo o reinado de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33). O valor da riqueza e o seu reto uso é um tema predileto dos Evangelhos. A vida humana não pode ser reduzida à busca desenfreada dos bens deste mundo. É preciso evitar dois extremos: o desprezo e a valorização excessiva do dinheiro.

O que vale perante Deus é enriquecer “perante Ele” (Lc 12,21); é crescer em virtude, exercer a caridade para além da estrita justiça (Mt 5,6.20); viver a vida terrena como preparação para a vida celeste (Hb 13,14), usar os bens terrenos como instrumentos preciosos para procurar os bens celestes (Lc 16,9).

“Atenção! Guardai-vos de todo tipo de ganância, pois, mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância dos bens” (Lc 12,15). A parábola das dez virgens revela que existe o perigo de se chegar atrasados à festa do Reino (Mt 25,1-11). O rico é como as formigas, que amassam, como se Deus e o mundo novo não existissem. Isto é vaidade das vaidades, tolice das tolices: “onde está o teu tesouro, lá estará o teu coração” (Mt 6,21).

Tolo é aquele que se ilude de ser rico pelo fato de possuir muitos bens. “Ordena aos ricos deste mundo que rejeitem o orgulho” (1Tm 6,17-19); “tu dizes: sou rico, abastado, não careço de nada; em vez, tu és infeliz, miserável, pobre, cego e nu. Esforça-te por converter-te” (Apc 3,17-19); “os que querem enriquecer caem em muitas tentações e laços, em desejos insensatos e nocivos. A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,9); “não ajunteis tesouros na terra” – repete Jesus no Evangelho (Mt 6,19-21).

“Certamente conheceis a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era tornou-se pobre por causa de nós, para que vos torneis ricos, por sua pobreza” (2Cor 8,9; Fl 2,5-10); “mortificai os vossos membros, no que tem de terreno: a devassidão, a imoralidade, os maus desejos e a cobiça, que é uma idolatria” (Cl 3,5).

É duro o ataque de Jesus contra a posse de bens: “o que foi semeado no meio dos espinhos é quem ouve a Palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão das riquezas sufocam a Palavra, e ela fica sem fruto (Mt 13,22); “em verdade vos digo: dificilmente um rico entrará no Reinos dos Céus. E, digo ainda: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19, 23-25). A verdadeira riqueza é doar, pois, o que guardamos para nós acabamos perdendo um dia; o que doamos, o guardamos para sempre. 

Pe. Ernesto.
Missionário comboniano

Postagens relacionadas

A nobre simplicidade do Rito Romano

Lua

Igreja, sacramento universal de salvação

Uma pomba… Por Quê?

Lua

Deixe um comentário

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais

Politica de privacidade & Cookies
Verified by MonsterInsights