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Rumo a uma conversão catequética: De preparação para os sacramentos a encontro com Jesus Cristo
Catequese

Rumo a uma conversão catequética: De preparação para os sacramentos a encontro com Jesus Cristo

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CONVERSÃO MISSIONÁRIA DA CATEQUESE
Desde muito, algumas vozes na Igreja têm insistido na necessária coragem para uma verdadeira conversão catequética (DAp 289; ALBERICH, 2013, p. 55; CARMO, 2016, p. 237; ÁLVAREZ, 2004, p. 199-200)). A nostalgia do passado e o medo do novo impedem a catequese de se lançar em águas mais profundas. Assumir o hoje com suas controvérsias, desafios e dissabores é atitude para corajosos, para audaciosos.

Diante dos novos desafios à catequese hoje, é importante colocá-la, antes de tudo, no contexto de um projeto pastoral corajoso e aberto, numa perspectiva de evangelização e de diálogo cultural. Isto, seja para evitar que a catequese fique isolada no conjunto da ação pastoral, seja para ressaltar a urgência de uma ação programática e global a serviço de um projeto pastoral bem elaborado. Somente desse modo a catequese poderá dar uma contribuição válida à obra da evangelização (ALBERICH, 2013, p. 55).

Uma dose de ousadia rompe paradigmas e estruturas cujas raízes são profundas, mas não impossíveis de serem arrancadas. Para isso, só há um caminho a ser trilhado, ou seja, o da necessária conversão pastoral que coloca a catequese no panorama da tarefa evangelizadora da Igreja.

Hoje se sente a urgência de uma mudança radical em vista de uma nova orientação pastoral na ação dos fiéis cristãos. Estamos diante de uma práxis pastoral tradicional, centrada preferencialmente sobre a sacramentalização e na prática religiosa, que não tem futuro, que não é capaz de assumir uma autêntica opção evangelizadora, nem de responder aos desafios da nova cultura. A conclamação à evangelização (ou a uma “nova evangelização”) projeta todo trabalho pastoral numa perspectiva missionária, para qual não estamos preparados (ALBERICH, 2005, p. 26. Grifos do autor).

Indo ao encontro de Alberich, Álvarez afirma que “o desafio da iniciação cristã é tão urgente e decisivo quanto o da saída à missão” (2007, p. 363). Para ele, “tem-se que pensar como o homem de hoje entra na fé cristã, como trabalhar a sua conversão interior e não, unicamente, como melhorar a compreensão ou a explicação da mensagem” (ÁLVAREZ, 2007, p. 363. Grifos do autor. Tradução nossa). Para tal, é importante fazer “um verdadeiro giro histórico na abordagem e na prática da iniciação cristã”, pois o modelo de iniciação cristã que herdamos da cristandade e ao qual estamos tão afeiçoados não se mostra mais adequado aos novos tempos (ÁLVAREZ, 2007, p. 364-365).

A opção pastoral a favor da iniciação cristã se justifica pois não são apenas alguns pontos que precisam ser revistos – por isso fala-se de uma conversão pastoral e, concomitantemente, uma conversão catequética –, mas é toda a vida eclesial que visa a um novo modelo de cristão, de comunidade e de Igreja (ALBERICH 2005, p. 25). O novo cristão “deverá ostentar, para ser convincente, uma nova relação com a fé, com a Igreja, com a cultura, com a sociedade” (ALBERICH, 2005, p. 26).

E a nova comunidade cristã deve ser um “espaço de fraternidade vivida e de palavra liberada, de estatura humana, capaz de estabelecer verdadeiras relações humanas” (ALBERICH, 2005, p. 26), pois não se vive, nem se pensa ou se ama mais como antes. Mudados os tempos, mudam-se também os indivíduos e seu modo de se relacionar. A comunidade eclesial, primeira catequista e responsável pela transmissão da fé apostólica , se vê sob o imperativo da mudança ou se arrisca a transformar o tesouro da fé numa moeda antiga e rara, mas sem nenhum valor concreto. Sobre essa renovação, insistiu o Vaticano II e tem insistido exaustivamente o Papa Francisco.

Toda mudança requer um olhar sincero sobre a realidade. Basta uma visada atenta para notar que “os processos conhecidos de transmissão da fé dão sinais de falência” (CARMO, 2016, p. 237). A pós-modernidade, tão afeita à subjetividade, “já não admite uma fé herdada, mas exige uma fé pessoalmente assumida” (CARMO, 2016, p. 237). Trata-se, pois, de uma crise profunda que diz respeito à pertinência da fé e não somente aos métodos ou recursos tecnológicos que poderiam ser postos à disposição da evangelização.

Não estamos diante de um problema que exige apenas novas iniciativas no campo catequético, com mais criatividade, temas mais atuais etc., como se o problema catequético estivesse no âmbito metodológico ou nos temas abordados. O problema catequético atual diz respeito à pertinência do que é anunciado. Eis a pergunta que não se cala: “Faz algum sentido para o homem pós-moderno a fé cristã que a catequese transmite ou trata-se de lengalengas desde muito anunciadas que já perderam sua pertinência, uma vez que nossa gramática existencial vê-se totalmente modificada? (CARMO, 2016, p. 237).

Catequetas e catequistas têm sido uníssonos no que diz respeito à conversão pastoral e catequética. A caducidade do processo é evidente, mas, na práxis, as repostas são incipientes. É preciso dar um ousado passo rumo à conversão catequética. O tempo não pede remendos, pirotecnias, catequeses repaginadas, mas que, no fundo, continuam reverberando os conteúdos e as práticas antigas.

Inicialmente, dois passos parecem urgentes. O primeiro exige a retomada da dimensão evangelizadora da catequese, pois, embora evangelização e catequese estejam imbricadas, houve no decorrer da história certa separação entre elas . O segundo, por sua vez, solicita à Igreja o abandono de estruturas eclesiais que favorecem sua permanência numa redoma de vidro ou zona de conforto. É preciso ir ao encontro das necessidades dos homens e das mulheres de hoje; é imperativo colocar o trabalho pastoral em chave missionária, inclusive a catequese.

1.1 Catequese evangelizadora

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