Parece pleonasmo falar de catequese evangelizadora, mas se hoje se insiste nisso é porque ao longo da história da Igreja essas duas dimensões tão intimamente unidas foram separadas. Tal divórcio comprometeu a vida de ambas, como pode acontecer na separação de gêmeas siamesas. Num mundo cada vez mais secularizado, a evangelização ganha destaque e ocupa a ribalta para onde os holofotes são direcionados.
Com a exculturação da fé, “não faz mais sentido continuar agindo como se a Boa-Nova já fosse conhecida e inscrita naturalmente na memória cultural dos indivíduos” (CARMO, 2016, p. 156). É preciso assumir que “há um inegável apagamento da fé cristã no horizonte da pós-modernidade” (CARMO, 2016, p. 156). A passagem de uma catequese que mantém e consolida a fé para uma catequese que propõe a radical novidade do Evangelho é urgente (CARMO, 2016, p. 156). O pressuposto atual é que precisamos evangelizar os próprios batizados (ALBERICH, 1978).
A onda secularizante da cultura moderna, a falência das utopias sustentadas pelas promessas do Iluminismo e a força desagregadora do processo de globalização, balizado por critérios puramente econômicos, voltados para o consumo, geraram um vazio tal, de esperança e de valores, que a missão de evangelizar nos aparece cada vez mais como a urgência das urgências (CNBB, 2005, p. 22).
Emílio Alberich fala de uma Igreja em estado de evangelização (1978, p. 56), que revolucione “a lógica interna das tradicionais funções pastorais” (ALBERICH, 1978, p. 56). Na prática evangelizadora da Igreja, a força motriz é centrífuga, isto é: “a Igreja se sente enviada para todos os homens e sai continuamente de suas instalações a fim de tornar presente e acreditável a mensagem de salvação que ela traz no coração” (ALBERICH, 1978, p. 57), ou seja, o que se espera é uma pastoral projetada para fora, cujo impulso evangelizador evita a todo custo “cair no perigo de instrumentalizar as pessoas com o fim de proselitismo ou de doutrinação” (ALBERICH, 1978, p. 58).
Uma catequese evangelizadora centra seus esforços não nos sacramentos a serem recebidos, mas no primado da evangelização (ALBERICH, 1978, p. 62). Se há um apagamento da fé cristã no horizonte da pós-modernidade (CARMO, 2016, p. 156), o trajeto a ser feito é o de apresentar Jesus Cristo e seu projeto de vida com sua força transformadora, libertadora e salvífica.
1.2 Catequese missionária