O significado de misericórdia na Bíblia

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A palavra Misericórdia tem origem latina, e é formada pela junção de miserere “ter compaixão”, e cordis “coração”. “Ter compaixão de coração”, significa ter a capacidade de sentir aquilo que a outra  pessoa sente; aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém; ser solidário com as pessoas.

Portanto, a Misericórdia é um sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia. Esse sentimento de ser misericordioso é atribuído a Deus nas diferentes religiões, incluindo o Cristianismo, o judaísmo e também no Islamismo.

NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento as palavras que falam de Misericórdia são: Hesed e Rahªmim.

Hesed, que significa favor não merecido, afabilidade, benevolência e denota graça divina e Misericórdia. O termo em hebraico “hesed”, também indica uma profunda atitude de «bondade». Quando esta disposição se estabelece entre duas pessoas, estas passam a ser, não apenas benévolas uma para com a outra, mas também reciprocamente fiéis por força de um compromisso interior.

Hesed, expressa um presente imerecido e inesperado de graça divina que vai além de todas as expectativas e categorias humanas. A Misericórdia é, sem dúvida, a qualidade predominante de Deus para com o ser humano (Ex 34, 6, Sl 86, 15).

Com o povo de Israel, Deus é compassivo, paciente e tolerante, ao ponto em que todo o bem que acontece com o ser humano é o resultado de Misericórdia de Deus, que se estende a todos (Jn 4,1-11) e dura para sempre (Sl 136).

Quando no Antigo Testamento o vocábulo hesed é referido ao Senhor, acontece sempre em relação com a aliança que Deus fez com Israel. Esta aliança foi da parte de Deus um dom e uma graça para Israel. Contudo, uma vez que Deus, em coerência com a Aliança estabelecida, tinha-se comprometido a respeitá-la, hesed adquiria, em certo sentido, um conteúdo legal.

O compromisso “jurídico” da parte de Deus, deixava de obrigar quando Israel infringia a aliança e não respeitava as condições da mesma. E era precisamente então que hesed, deixando de ser uma obrigação jurídica, revelava o seu aspecto mais profundo: tornava-se manifesto aquilo que fora ao princípio, ou seja, amor que doa, amor mais potente do que a traição, graça mais forte do que o pecado.