A excelênciar da Eucaristia

Assim, este Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, embora por sua morte se havia de oferecer uma só vez ao Eterno Pai no altar da cruz, para nele obrar a redenção eterna, contudo, já que pela morte não se devia extinguir o seu sacerdócio (Heb 7, 24. 27), na última ceia, na noite em que ia ser entregue, querendo deixar à Igreja, sua amada Esposa, como pede a natureza humana,
um sacrifício visível [cân. l] que representasse o sacrifício cruento a realizar uma só vez na Cruz, e para que a sua memória durasse até a consumação dos séculos e a sua salutar virtude fosse aplicada para remissão dos nossos pecados quotidianos, declarando-se sacerdote perpétuo segundo a ordem de Melquisedec (Sl 109, 4),
ofereceu a Deus Pai o seu corpo e sangue sob as espécies do pão e do vinho e, sob as mesmas espécies, entregou Corpo e Sangue aos Apóstolos que então constituiu sacerdotes do Novo Testamento para que o recebessem, mandando-lhes, e aos sucessores deles no sacerdócio, que fizessem a mesma oblação: Fazei isto em memória, de mim (Lc 22, 19; l Cor 11, 24), como a Igreja Católica sempre entendeu e ensinou [cân. 2].
E assim, celebrada a antiga Páscoa, que a multidão dos filhos de Israel imolava em memória da saída do Egito (Ex 12, l ss), instituiu a nova Páscoa, imolando-se a si mesmo pela Igreja por mão dos sacerdotes, debaixo de sinais visíveis, em memória do seu trânsito deste mundo para o Pai, quando nos remiu pela efusão do seu sangue e nos tirou do poder das trevas, transferindo-nos ao seu reino (Col l, 13).
Cristo é o ‘arché’, o princípio através do qual tudo foi feito e que sustenta toda a ordem criada Quando esteve entre os homens, Cristo nunca deixou de estar no céu. E quando Cristo subiu aos céus na sua forma corpórea, continuou com os homens pelo batismo e pela assistência permanente do Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade que tem o Pai e o Filho unidos em todas as Suas operações na terra. Negar que Cristo esteja, realmente, presente no pão e no vinho, é negar a onipotência divina!
Se o pão é apenas pão, Deus, em Cristo, instituiu uma fantasia, fez um teatro! Não há, portanto, como negar a real-presença e o sacrifício incruento do Cristo na eucaristia — alimento espiritual, ato de adoração a Deus, que Ele mesmo instituiu e participou, antes e depois da Sua crucificação, sacrifício perfeito, definitivo e eterno, que supera todos os sacrifícios anteriores.
São João e as expressões de Jesus Cristo:
“Eu sou o pão da vida; vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo, que desci do céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente, e o pão que eu darei é a minha carne, para a vida do mundo” (Jô 6, 48-52).
“Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. O que comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna. Porque a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida. O que come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele. O que me come… viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu… O que come este pão, viverá eternamente!” (Jô 6, 54 – 59).