Como assim “Ele está no meio de nós”?

Algo similar acontece com o diálogo “A Paz do Senhor esteja sempre convosco!” e a resposta “O Amor de Cristo nos uniu.
Talvez a velha da praça tenha ajudado a comissão brasileira de tradução do missal? É uma hipótese que não pode ser descartada. Melhor isso que aderir às heresias que essa tradução teve na França!
O sacerdócio
Quem celebra a Missa? A assembléia, o sacerdote ou ambos? A resposta: O sacerdote. E a assembléia se une a ele, não “concelebrando”, mas assistindo a liturgia com piedade e devoção, e participando das partes que cabem a ela, como as respostas, as músicas, sobretudo a Sagrada Comunhão.
A primeira heresia por trás da fórmula “Ele está no meio de nós” é negar isto, e dizer que o celebrante é, na verdade, o povo, e o sacerdote é apenas um “presidente da assembléia”, que “guia a assembléia na Missa”. Isso é falso. O sacerdote é o verdadeiro celebrante porque é ele que oferece o Sacrifício da Missa, e a assembléia se une a ele nesse sacrifício. Essa heresia de que quem celebra é, na verdade, o povo está intimamente unida às heresias protestantes a respeito do Sacramento da Ordem a esta outra:
A presença de Deus
Um rabino marxista cabalista chamado Martin Buber escreveu em 1923 um livro chamado “Tu e Eu”. Este livro trata da “Filosofia do diálogo“. Essa filosofia prega que o diálogo gera a existência. Entre duas pessoas que conversam e rezam é gerado um ser que não é nem um, nem outro, mas o próprio Deus. Essa doutrina prega, portanto, a grande heresia que Deus é “criado” pela “comunhão das pessoas”, pelo encontro e pelo diálogo. O que é um absurdo!
Dentro da Liturgia, essa presença se daria, portanto, entre o padre e o povo. Por isso, esses teólogos defendiam tanto que o padre celebrasse a Missa de costas para o sacrário e de frente para o povo: Desta maneira, teria-se a presença de Deus visivelmente “no meio” do povo, entre o padre e o povo se geraria a Shekiná, a presença de Deus.
Isso é uma grande heresia: Segundo estes, Deus na Missa está não na hóstia consagrada, não no sacrário, não no sacrifício, mas na união do povo e do padre. Por isso mesmo esses “teólogos” jamais compreenderão a Missa Privada, dita pelo sacerdote sozinho. Pois ao passo que não entendem o significado da Missa, não entendem também seus efeitos.
Deve-se substituir o “Ele está no meio de nós” por “E com o teu espírito” na Missa?
Não. Infelizmente, não. Na liturgia, deve-se rezar o texto aprovado, e a resposta aprovada é essa. Portanto, não podemos substituir o “Ele está no meio de nós” pelo “E com o teu Espírito”, pois assim estaríamos desobedecendo a Lei Litúrgica que nos manda obedecer o texto aprovado. E devemos obedecer, mesmo se os que o fizeram desobedeceram, a obediência e a humildade é muito agradável a Deus.
Tudo o que podemos fazer é rezar para que a bendita tradução da terceira edição do Missal saia logo, e saia com esta tradução corrigida – o que, por ora, consideramos improvável que aconteça, infelizmente.
Uma possibilidade para quem é incapaz de responder “Ele está no meio de nós” é responder em latim: “Et cum Spiritu tuo”. Nada impede. Mas se for feito, faça-se discretamente, em voz submissa, para não correr o risco de os outros perceberem, chamando assim a atenção para si. Defendamos a verdade, mas cuidado com a vaidade!